quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Rascunho a Limpo

Olhava para o alto e via-me pequeno,
como um ser sem rumo, trôpego,
distante de algo que não sabia o que.
Entregue a caminhos sem saída, destinos vãos.
Dialogava com ninguém para saber qual o meu rumo.
Andava tonto, criando força da fraqueza,
altivez da baixeza.
Imundo como um cão,
tinha certeza que as coisas não íam bem.
Com um sorriso no rosto e um chorar no íntimo,
sofria de grande angústia.
Era um vazio profundo, impossível de ser debelado.
Mas um dia, o impossível bateu a minha porta.
Batia firme com imposição e um amor e uma delicadeza imensuráveis.
Era uma doce brisa que invadia minha casa,
transformava meu coração,  minha vida,
preenchia o vazio e fazia-me sorrir novamente.
Sorrir por dentro na esperança de que aquela brisa seria para sempre.
A brisa do céu que transformou meu coração,
agora faz-me buscá-la a cada dia.
Essa brisa passou como um furacão,
e levou a angústia e o vazio,
E hoje a brisa me leva e vou com ela buscando novos voos,
buscando outras casas,
porque a minha foi verdadeiramente transformada.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Verdadeira Transformação

Em um desses domingos ensolarados que nos convidam para um bate-papo, seguido de um churrasco, nos reuníamos em família na casa de meus pais. Momentos agradáveis com muita conversa sendo que um dos assuntos foi promovido a discussão e de vez em quando até hoje me vem a lembrança. Discutíamos a verdadeira transformação do homem. Meus primo emprestado e sua mulher (minha prima) verbalizavam e não se conformavam que um vagabundo, pano de trapo, assassino, realmente se convertesse dos seus maus caminhos. Eles davam exemplos de pessoas que conheciam, que aprontaram pelo mundo e de uma hora para outra se diziam convertidos. Outras pessoas opinavam e não acreditavam na mudança do homem. Pau que nasce torto morre torto.
Conheci muitas pessoas que através do Evangelho mudaram de vida. Vidas tortas, de irresponsabilidade,  pessoas entregues as drogas, mulheres e travestis que faziam vida nas ruas. Homens soberbos, nariz em pé, que pisavam nas pessoas, principalmente nos menos favorecidos. Vi muitos desses tipos sendo totalmente transformados. Confesso que presenciei menos pessoas ao meu redor que cultivam fofoca e contenda buscando mudança do que os chamados degredados. Exemplos na mídia são apresentados em reportagens, em testemunhos, mas às vezes na prática presenciamos pouco, talvez até por que não convivemos nesse meio de degradação ou por que o nosso preconceito já está instalado e não nos interessa acompanhar de perto a nova vida da pessoa.
Existem amigos nossos e conhecidos que estão ao nosso lado sorrindo, brincando, contando piada, mas com a vida toda embaralhada; está afundado em depressão pronto a explodir, pedindo encarecidamente de forma oculta que o ajudem a mudar de rumo, pois não tem condições com suas próprias forças. Esses são os casos mais críticos, pois não se abrem conosco, não mostram indícios, nem sequer dão um sinal. E às vezes quando descobrimos já é tarde ou então já se machucou de tal forma que levará profundas feridas pelo reto da vida.
Um grande exemplo de transformação é Paulo de Tarso, anteriormente conhecido como Saulo. Saulo perseguiu e matou os cristãos, era temido por aqueles que pregavam o Evangelho. Teve uma visão extraordinária com Cristo e arrependeu-se. Como Paulo, nova criatura, revolucionou o Cristianismo com o seu legado de fé e é o autor de grande parte do Novo Testamento, com suas epístolas que são uma lição de amor, fé e incentivo às igrejas para as quais eram direcionadas. Paulo, que carregou o espinho na carne, e viveu com a dor na consciência em perseguir Aquele que lhe salvou, ajuda a salvar vidas com sua contribuição ao Evangelho por intermédio do Espírito Santo.
Talvez eles nem se lembrem daquele dia, daquela conversa, mas aquilo me marcou. Confesso que fiquei chocado e triste com a forma que falaram, mas aquele foi um alerta de que precisava olhar mais por aquela família e passei então a interceder constantemente por eles. E felizmente deu "O Fruto". Pois aquelas pessoas que eram radicais ao afirmar que não acreditavam em assassinos recuperados, em mulheres promíscuas que se diziam convertidas hoje ajudam a espalhar o Evangelho de Cristo. E tenho certeza que devem ter assistido testemunhos e presenciado exemplos magníficos de mudança, inclusive as suas próprias vidas. Fazem parte de um grupo de teatro que se apresenta nas igrejas falando do amor de Deus. Tiveram a família restaurada e estão firmes na obra. Nunca foram pessoas más, nem soberbas, mas viviam com o vazio que assola a humanidade. Hoje são LIVRES, como não se envergonha em dizer meu querido irmão.

Que Deus os abençoe, meus amados irmãos, derrame bênçãos sem medidas sobre a vossa família, una-os cada vez mais como casal e ajude-os a espalhar o verdadeiro sentido da vida por onde quer que forem.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Parabéns Mãe

 Quando somos feto ainda, regalados por proteção e sustentados por meses, isolados do mundo, vivemos em um ambiente de extrema proteção. Somos então convidados a sair e literalmente expulsos pela natureza Divina, pois devemos seguir nosso crescimento, agora distanciados da mãe que nos carregou por tanto tempo. É hora de sairmos da casca para enfrentar a dores e as delícias que a vida nos proporciona.
Somos expostos a uma separação traumática logo na chegada: luz intensa da sala cirúrgica, variação de temperatura extasiante, exposição a ruídos nunca dantes conhecidos. Mudam nossos hábitos, muda nossa iteração com o mundo, que antes se resumia a receber o alimento processado e estar sempre protegido de tudo. Experimentamos uma sensação de quase morte. É a morte da dependência total que ainda será parcial por muitos anos e emocional para sempre.
O respeito que tinha pelas mães era muito peculiar. Pois tinha uma mãe que sempre foi zelosa e participava ativamente da minha vida. Minha mãe foi uma remanescente das 100% dedicadas, que passavam a maior parte do dia com os filhos, voltadas para a educação. Éramos acompanhados nas tarefas escolares, nas brincadeiras de rua, nas amizades, dentro de casa. Sempre vigiados pela mãe águia que deixava os filhotes à vontade, mas que do monte observava tudo altaneira, e não deixava nada escapar, pronta para livrar sua cria do bote do predador.
Devo confessar: ser pai é muito difícil, mas ser mãe é incomparável. Não há parâmetros.  A mãe suporta incômodos na gravidez, há uma ebulição de hormônios, enfrenta dificuldades de auto-estima com aparência e forma, é limitada em seus afazeres, possui dificuldades com sono, além da responsabilidade de manter um ser íntegro por nove meses. Cuidados especiais com alimentação e medicação e muitas outras coisas que nós homens não sabemos e nunca saberemos explicar porque não vivemos na pele essa experiência. Depois de acompanharmos todo esse processo, como parceiros e pais, damos muito mais valor para aquilo que a mãe significou em nossas vidas e daí para frente respeitamos ainda mais essa doce e árdua função.
Hoje a minha mãe completa mais um ano de vida. Foram muitos anos de aniversário. Muitos abraços, muitos parabéns. Lembro-me especialmente do primeiro presente que dei a ela, comprado por mim. Ainda menino, parei em um armarinho e decidi levar um brinco que impressionava pela forma e brilho tal qual a de um diamante, embora nunca nem tenha visto um. Mas aquele brinco simbolizava a jóia que ela representava para mim; a jóia rara e de verdadeiro valor que não estava guardada em gavetas ou exposta em vitrines. A jóia que me lapidou e que merecia todos os diamantes do mundo e ainda assim teria saldo para receber muitas outras pedras preciosas. 

Mãe, nesse seu dia, eu desejo uma coisa de nós seus filhos: que nunca deixemos de valorizar a mãe que foste e que és, pois assim terás reconhecimento por tudo aquilo que fizeste em nossas vidas. Acredito que esse reconhecimento aliado ao amor e respeito são os maiores presentes que um filho pode dar aos seus pais; tudo isso transcrito em ações e gestos, não apenas em palavras ou escritos. Que Deus te abençoe, te proteja e te guarde para todo o sempre.

Do seu filho amado.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Flor e o Jardineiro

A primavera não começa no dia 23 de setembro como defendido por astrônomos e pesquisadores. Independentemente do movimento de translação e da inclinação do eixo da Terra em 23°27’ tenho certeza que os cálculos de física e astronomia, ou qualquer análise geográfica e matemática não são conclusivas quanto a essa questão. Tenho argumentos suficientes para afirmar que a primavera começa a zero hora do dia 21 de setembro.
A primavera presenteia a natureza despedindo-se do inverno e trazendo a estação da cor e das flores. A estação, que nos faz esquecer o frio, até mesmo quando moramos em regiões de temperaturas amenas. Estação responsável pelo desabrochar das flores. No dia 21 de setembro de um ano indeterminado nascia a primavera e milhões de anos depois, vinha ao mundo uma flor de rara beleza, como que coroando um aniversário de milênios, que tive a dádiva em tê-la para cultivar em meu jardim.
Uma flor que foi germinada pelo amor de seus pais e foi cultivada em terrenos aprazíveis. E que quando vi me apaixonei por seu perfume e por suas cores vivas: tons de vermelho, verde e azul, associados a luz formando as cores secundárias e complementares, em um mosaico perfeito de combinações de amarelo, rosa e branco, suas misturas, sua variações e degradês. Encantei-me por seu brilho e por sua suavidade. Fui cativado por sua luz e textura.
Estava acostumado com as mesmas flores, mui belas, mas de características parecidas, de um jardim previsível e comum, até observar que a minha flor era ainda mais resplandecente; se destacava com detalhes incomparáveis, a obra ímpar, da qual não conseguia tirar os olhos e me convidava para que fincasse meus pés naquela terra. E cuidar dessa flor é trabalho para jardineiro especializado, para poeta da terra que deve reconhecer a resistência da espécie ao lidar com tempestades e reconhecer também a fragilidade ao ser exposta em demasia ao sol.
Portanto, flor que enfeita minha vida e meu jardim, o que eu te desejo nesse dia de primavera são muitos anos de vida. Desejo que eu tenha as mão sábias do jardineiro que ama o trabalho com a flora e vibra com o nascimento de cada broto. Desejo ser artista do campo que sabe a hora e a medida de regar, que é exímio podador e que é habilidoso no preparo da terra.

Pois Deus proverá a chuva, o sol, o vento e os sais da terra sob medida para que o resto façamos com sabedoria, segundo a sua vontade.

Parabéns meu amor, minha flor, minha vida, minha mulher.
Do seu eterno jardineiro.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Arte do Encontro

Nunca entendi quando ouvia comentários de pessoas que passavam muitas horas na internet. E não estou falando da internet para o trabalho e sim de lazer. Eram amigos ou conhecidos literalmente viciados que por vezes se esqueciam de comer e até reduziam horas de sono para ficarem em  frente a tela. Os meios mais utilizados à época eram os jogos on-line e os aplicativos de pate-papo, como o MIRC e o MSN. Logo depois surgiu o Orkut que foi um fenômeno (principalmente no Brasil) impulsionando as redes sociais e revolucionando a forma com que as pessoas se relacionavam.
Inicialmente avesso a novidade, fui incentivado por amigos de faculdade a criar um login no Orkut. Um mundo de descobertas. Pessoas que não via desde a infância. Colegas de escola, da alfabetização até o ensino médio. Amigos que estavam afastados pela distância entre cidades, estados, países. Ali estavam expostas suas idéias, suas fotografias, suas novidades, suas vidas. E era bom compartilhar , mesmo que de longe e fazer parte também da sua vida, de maneira indireta, mas salutar.
Desconfiado pelas notícias de exposição excessiva daquele sistema, que abria nossa vida para os nossos amigos e inimigos, via que não fazia mais sentido continuar com aquele jogo. Vi relatos de vidas destroçadas por caluniadores, pessoas sendo ameaçadas, pessoas má intencionadas que buscavam refugiar-se dos seus relacionamentos em uma vida digital de farsa: tinha de tudo. Deletei o meu perfil.
Era convidado constantemente para voltar a participar de uma rede social e muitos sistemas surgiram: muitos nomes, siglas, ícones, nada me incentivava em ir adiante. Até que como por acaso (nada é por acaso) encontrei uma amiga minha e percebi amor e acolhimento em seus dígitos. Então pensei que poderia procurar os velhos amigos de tanto tempo que a gente não se dá conta, mas fazem uma falta danada para nós.
Talvez essa seja a função de uma rede social. Muito mais do que afirmarmos nossas convicções ela serve como uma aquarela de nossas vidas, que mostram um resumo do que consideramos bons momentos. Além da alegria de rever boníssimos amigos que não via há muito tempo tive o prazer de ler palavras de profundo afeto dirigidas a mim e que tocaram as minhas lembranças com cada pessoa que tive o prazer de compartilhar a vida. Tive o prazer de saber mais sobre sua vida. Tive o contentamento de alegrar-me com seu sucesso. Muitos são apenas conhecidos, outros são colegas, mas muitos também são amigos em quem podemos confiar, mesmo estando afastados tanto tempo. Só pela alegria em revê-lo, meu amigo, sei que valeu muito a pena te conhecer, mesmo que nós só tenhamos trocado algumas palavras, alguns olhares ou até alguns gestos. O importante é que a arte do encontro e principalmente a do reencontro nunca deixe de existir.

" A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. "
 Vinícius de Moraes

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Motivo para casar-se

Rondando pelos portais de notícias da internet me deparei com uma manchete intrigante e resolvi ler todo o conteúdo da reportagem. Não era exatamente uma reportagem e sim mais um desses sites de paparazzi que inventam, aumentam, denigrem e até falam a verdade sobre artistas. Mas nesse caso específico era apenas uma notícia sobre o casamento anunciado de um conhecido artista. Depois de três meses juntos o casal resolveu anunciar que se casará no fim do ano.
Mas o que me deixou intrigado não foi exatamente o anúncio, mas o "motivo" que ele deu para o casamento:
"Ela me trouxe positividade", era o que dizia a manchete. A notícia, dava mais um motivo, e completava a frase supostamente dita por ele: "Estava meio perdido e ela me trouxe positividade...". 
Minha intenção não é comentar sobre o artista, nem achar que eles não possam ser realmente felizes. Mas me parece muito estranho, começar um relacionamento e resolver casar-se em pouquíssimos meses, enaltecendo a positividade que o seu futuro cônjuge lhe proporciona.
Quando conheci minha mulher, com pouco tempo de namoro, eu tinha certeza que ela era a mulher da minha vida. Não porque ela me trazia positividade, mas sim porque passei a conhecer seus atributos: lealdade, parceria, cumplicidade, honestidade, fidelidade e sobretudo o amor que havia entre nós. Com seis meses de namoro eu tinha certeza que não só iríamos nos casar, como também que nunca mais nos separaríamos. Mas é certeza absoluta mesmo, dessa que nunca tinha tido a respeito de nada em minha vida.
Quantas e quantas vezes eu vi casais (noivos) que quando falavam da expectativa do casamento, diziam que esperavam que fossem felizes e torciam que durasse para sempre. Eu sempre fiquei ressabiado, pois esse tipo de declaração não passa firmeza, a fortaleza necessária ao casamento, nem a certeza do amor eterno, ingrediente fundamental na convivência entre marido e esposa e na difícil arte do viver a dois, compartilhando momentos de prazer e de dor.
O casamento passa por muitos mais momentos de felicidade do que de tristeza; o inverso do que tentam nos vender por aí. Acredite, é uma bênção de Deus. O motivo que nos faz encarar essa aventura prazerosa passa primeiramente pelo amor, que puxa o respeito, a admiração, o desejo e tantos outros sentimentos. A positividade é somente um pequeno ingrediente dessa salada; às vezes não tem nada haver com amor. E se você está perdido, não espere que seu companheiro te traga tudo aquilo que somente você pode achar.

"Desejo!Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar..."
Frejat / Mauricio Barros / Mauro Sta. Cecília

sábado, 13 de agosto de 2011

Pais de verdade, exemplos e ações

Quando ouço a palavra pai, lembro-me imediatamente do meu; nada mais do que normal. Acredito que com quase a totalidade da população aconteça o mesmo. Independente do pai ser bom ou ruim, presente ou omisso, conhecido ou desconhecido. O imaginário nos leva a lembrar de uma figura que cumpriu ou deveria cumprir o papel de zelador e cuidador de nossas vidas.
E sempre que me recordo de meu pai e do seu papel eu sempre me lembro de uma fotografia que está presente em meu álbum de bebê. A de meu pai sentado, meio que deitado no sofá e eu no seu peito, deitado, como se ambos assistissem a tv. Essa imagem quer dizer muito para mim e sempre associo a dedicação e acolhimento. Pai e filho compartilhando o momento juntos. Sinônimo de família e amor.
Tive muitas lições de meu pai. Lições de amor, honestidade, gratidão, dedicação, trabalho, atitude, respeito, dignidade... Nenhuma lição foi imposta, pois para se dar exemplo é necessário somente uma coisa: ser verdadeiro. Os filhos são espelhos dos pais e se queremos educá-los é importante seguir à regra toda a regra. Mais conhecida como liderança através do exemplo. Daquilo que ensinamos devemos saber o bê-a-bá e executarmos com maestria, sem escorregões. Ser pai é mais do que ser somente líder, ser pai é ser super-herói.
Uma coisa eu aprendi nessa árdua e maravilhosa tarefa de educar um filho: quanto mais o tempo passa, mais acho que estou despreparado para ser um bom pai. Inicialmente achava isso ruim, considerava como insegurança, receio e despreparo. E não é que é tudo isso mesmo? Mas e daí? Graças a Deus eu sou assim, pois tenho o desafio de aprender com minha filha como ser uma pessoa melhor. O importante é que eu nunca subestime a minha doce tarefa e me ensoberba achando que sei e faço o suficiente para ela.
Como novo que sou nessa incumbência, pouca coisa sei de ser pai. Mas já me lambuzo com os gestos, os sorrisos, os sons e o prazer de estar com minha filha. Cada nova descoberta dessa fase, as manhas, as manias que temos que nos adaptar ou tentar corrigi-las.
Nesse dia desejo que você ame mais seu filho através de gestos e atitudes. As palavras são muito importantes e fortalecem os laços, mas são as ações que transformam o amor teórico, em amor prático.
Aos pais de verdade, de exemplos e de ações, como meu pai e como anseio em ser para minha filha, desejo um sincero Feliz Dia dos Pais.

Primo e Irmão

Essa semana recebi uma ligação. Código de área diferente, e número que não estava registrado em meu celular. Meus pais estavam viajando e associei imediatamente a uma chamada deles; nessas horas nos preocupamos,  pois não entendi o motivo de não utilizarem o celular. Tentei identificar a voz e constatei: era meu pai.
- Davi, é seu primo.
Abri um sorriso como de costume e iniciamos uma conversa boa. Meu primo-irmão estava do outro lado.
Hoje a distância entre cidades separam as nossas vidas. Que outrora foram ligadas por finais de semanas constantes nas viagens que fazíamos a Ilha de Itaparica. Eram momentos incríveis em que compartilhávamos experiências e crescíamos. Passamos da infância ao final da adolescência frequentando a casa da Ilha.
Fomos muito ligados e quando íamos para lá eu pedia muito aos meus pais para que ele fosse conosco. Meu primo era exemplar: bom menino, prestativo, inteligente, astuto, liderava as brincadeiras. Sempre teve um carisma de dar inveja. Nós o admirávamos, ele tinha uma estrela, brilho próprio.
Os anos passaram e nós não frequentávamos mais a Ilha, nossas vidas tomaram rumos opostos. Meu primo passava a frequentar festas, outras amizades, descobria o mundo da maneira mais difícil, se escondendo nas noitadas e bebedeiras. Teve uma filha, fruto de um relacionamento irresponsável. Não mudou sua conduta, era um comportamento descabido para uma pessoa, mais ainda, agora, para um pai. Aquele que deve dar exemplo.
Sempre que o via era um misto de alegria e profunda tristeza. Os dois primos diferentes vinham a minha cabeça e me confundiam. Sentia certo desespero ao ver um menino tão maravilhoso, que eu conheci mais do que muita gente que conviveu com ele,  deixar sua vida ficar tão menosprezada, tão sem valor.
Depois de alguns anos de vida desregrada, a família ficou em polvorosa com a notícia que tinha se tornado crente. Descrédito total. Poucos acreditavam que aquilo ia para frente e debochavam. A visão das pessoas em relação ao crente ainda é muito distorcida: pessoas fanáticas que não podem fazer nada, não têm liberdade. Venho esclarecer que se é fanático não é crente (em Cristo), pois a sua adoração deve ser feita de forma racional, do contrário, é impulso e emoção apenas. O crente de verdade tem mais liberdade do que qualquer pessoa, pois não está aprisionado a nenhum vício, ou então luta contra esse vício confiada e verdadeiramente em Deus. 
Vi pessoas da família dizerem que preferia aquele primo de volta. Essas são as pessoas mais egoístas, pois perderam um companheiro de solidão nas festas e não poderão compartilhar o seu vazio.
Hoje vejo meu primo firme na fé. Está casado e ajudando a sua igreja a crescer espiritualmente onde mora. Espero que ele tenha reencontrado aquele menino especial que conheci lá no início. Eu não tenho palavras, não consigo conectar frases que descrevam a alegria que tive em receber sua ligação nesta semana. Depois que ele desligou fiquei por vários minutos pensando na sua vida e agradecendo a Deus por ter modificado seu caminho. As suas palavras me comoveram, pois ele me disse que depois do culto em que estava, lembrou de mim e orou por mim. Hoje choro de alegria, como aquele pai que recebeu de volta o filho pródigo. Deus me deu de volta meu primo-irmão. Esse presente vou guardar para o resto da minha vida.

Que Deus abençoe você meu primo, meu irmão, guarde sua casa e sua família, dê-te perseverança em realizar seus projetos, amplie a sua visão espiritual e renove a sua fé constantemente.

Em Cristo,

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Porque nos apaixonamos por lugares

Uma das minhas maiores paixões é viajar. Uma sensação leve de sair da rotina, poder compartilhar momentos especias junto a quem amamos. Conhecer novas praças, nova gente, jeitos diversos, sotaques e culturas. Tive a felicidade de me unir a uma mulher que também compartilha dessa paixão. Juntos conhecemos cidades maravilhosas, outras nem tanto. O grande ingrediente das viagens, é, sem dúvida, a companhia. Se o lugar não é tão aprazível, ao menos, você tem com quem chorar ou rir ao seu lado.
Mas tem um lugar especial que me encanta os olhos desde que fiz pela primeira vez uma viagem com meu avô. É a Chapada Diamantina. Não consigo lembrar quantas vezes fui a Chapada. Perdi literalmente as contas. Fui com todo tipo de gente, levado por todo tipo de meio de transporte. Fui a noite, pela manhã, pela tarde. Por vezes fui apreciando a estrada outras com o pé no acelerador.
Já cheguei a rodar na estrada, passei por trombas d´água, andei ao todo centenas de quilômetros pelas trilhas. Já vi gente reclamando de subir umas escadas depois de eu ter visto o maior fenômeno natural da minha vida. Já vi gente sintonizada com o ambiente e outros que diziam que só tinha pedra naquele lugar.
Vi bandinhas de sopro, vi atrações culturais nas praças das cidades, vi pessoas humildes. Vi gente que me conheceu no mesmo dia me chamar para conhecer sua casa e sua família me oferecendo um verdadeiro banquete: palma cozida, arroz, feijão, ensopado de bode, salada de verdura, farofa de mandioca; um verdadeiro manjar.
É por essas e outras tantas que me apaixonei pela Chapada. Suas cidades históricas são um convite a um passeio bucólico, que respira arte, respira sabores e belezas naturais. Gosto de todas as atrações, mas não há como descrever a sensação de subir o Pai Inácio. Pegar o finalzinho da tarde, o sol se pondo. Sentir a brisa de cima do relevo, olhar para o nada, e se transportar por quilômetros, como que um pássaro que só tem o vento como jaula.
Talvez todo o descrito não seja agente primordial para explicar a vontade de voltar sempre a Chapada. A paixão não pode ser explicada somente por esses elementos. Existe muito mais. O algo mais que infelizmente não sei como descrever.
Só indo para conhecer e se apaixonar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Não com Cara de Sim

Uma vez ouvi de uma diretora de Recursos Humanos que nós deveríamos dizer um não com cara de quem diz sim. Um não com cara de sim: fiquei pensando naquilo.  Ela expusera a  frase tentando impactar os funcionários e suavizar a relação existente na organização, buscando relações mais humanas e uma forma menos rude em negar alguma coisa a alguém.Achei interessante aquela proposta e passei a me esforçar em seguir aquele conselho, principalmente agora que tenho uma filha para educar.
Não somos condicionados a dizer não. Dizer não gera embate, gera negação, gera conflito. Hoje temos menos capacidade de dizer não principalmente a pessoas que amamos. Temos problemas ao dizer não aos nossos filhos. Não é por acaso que vemos filhos mais mimados e menos educados. Filhos desajustados, sem limites e propensos a fracassarem no primeiro não.
Se temos uma situação em que ficamos menos tempo com nossos filhos, pelo que será que optamos: pelo fácil sim, sem obstáculos, sem conflitos, ou pelo difícil não com agruras e caras feiras? Nossa tendência é buscarmos preencher o espaço que não ocupamos pelo simples fato de tentar compensar aqueles momentos com horas agradáveis e evitar somente o descabido.
Vejo os dias de hoje como um desafio para convivência entre nós. Educar hoje é tarefa muito mais dura do que outrora. Passamos mais tempo trabalhando do que com a nossa família. Esses momentos devem ser usufruídos com sabedoria. Eu passei a minha vida observando a relação entre pais e filhos e até criticando e hoje estou com a tarefa de pôr em prática. É um desafio e tanto.
Peço todo dia a Deus sabedoria para mim e para minha mulher para lidarmos com nossa filha.
Estou buscando me especializar a cada dia na difícil tarefa de dizer não com cara de sim.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Não entulhem meus poços

A criação desse blog surgiu basicamente de uma vontade: a paixão que tenho por escrever e que não exercitava por algum tempo devido a vida corrida, profissão, família, etc. Resolvi enfim criar esse espaço e não me preocupar muito com visibilidade, afinal de contas funciona como um lugar meu e que minha família, quiçá amigos, acabam participando.
A paixão por escrever não existia até os 17 anos, quando eu passava arrastado em português e com notas sofríveis em redação, embora tenha sido um aluno exemplar. Chegou ao ponto de uma professora do ensino médio me dizer que eu não era capaz de tirar boas notas: minha escrita era fantasiosa. Como uma professora de ensino médio diz a um estudante uma barbaridade dessa? Se o que impulsiona a escrita, a narrativa é a fantasia ?!
Mudei de escola, fui para outra cidade e conheci uma professora que era diferente das demais. Ela era calma, não se intimidava com os alunos, era serena e com um semblante confiante. Expunha seus medos em sala de aula, compartilhava dos seus amores e buscava tirar de nós a essência, pois a escrita se resume a isso, colocar no papel a essência da sua emoção. Se não há recursos de áudio, nem de vídeo, temos o recurso da poesia. Isso ela conseguiu me passar.
Certo dia ela propôs uma atividade diferente: nós faríamos uma redação em conjunto - ela estimulava as ideias e nós "viajávamos na sua onda" -  a redação estava pronta. Passadas algumas semanas, aula da professora, ela distribuiu um papel ofício com quatro redações. Uma das que estavam lá era a minha e foi lida em púbico por último, com elogios do corretor e dela que se impressionou com o tom poético impresso nas palavras.
O conjunto de ações tomadas por ela acendeu em  mim a paixão pela escrita, que puxou o namoro com a língua portuguesa. Eu que tinha uma resistência a escrever, estava livre e passava a exercitar uma paixão. Se é dom, não sei e não quero saber, o que importa é que tenho prazer em fazê-lo e isso não burla o direito alheio, nem machuca ninguém.
O que me levou a escrever isso? O comentário de minha irmã na postagem anterior. Lembro-me que ela não tinha boas notas em redação, era comparada com minha outra irmã que fazia pequenas poesias desde muito nova e ela mesma sempre se defendia antes de ser atacada dizendo que não sabia escrever. Algumas atitudes de pessoas que a rodeavam e situações criaram essa barreira. Mas agora despida de medos, levada pela emoção escreveu sobre nosso irmão com uma leveza e poesia que nunca havia visto nela. Entulhar poços é expressão bíblica que indica que não devemos fechar um poço no deserto, onde a água é um bem tão valorizado. Temos que cuidar daquilo que é mais precioso.
Portanto cuide do seu poço ou limpe-o caso esteja entulhado.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O lado mais do que humano do animal

     Eu nunca consegui entender o amor que as pessoas sentiam por animais. Assitia a reportagens, documentários, filmes, e sempre achei aquilo algo muito forçado, exagerado. Como uma pessoa devotava tanto amor a algo irracional, algo que não corresponde? Na faculdade, matéria de Inteligência Artificial, um professor meu havia comentado, na verdade afirmado que os animais, discutíamos mais especificamente os cachorros, não possuíam inteligência.
     Minha relação com animais sempre foi de respeito, mas também de distância. Nunca havia lidado de perto com um animal a não ser um cágado, que mais parece uma pedra que anda e que não tive muito chamego. Nunca fui aquele menino que não podia passar um bichano que passava a mão. Definitivamente essa não era minha praia.
     Depois que nos mudamos para uma casa e passamos por situação de insegurança meus pais resolveram que seria necessário termos um cachorro, um cão de guarda para cuidar de nós. A partir daí comecei a entender a relação de reciprocidade que se cultiva com esses seres tão especiais. Na verdade ele não surgiu em nossas vidas para cuidar de nós. Ele surgiu para nos amar.
     Ele nunca cuidou tão bem da casa. Não foi um grande cão de guarda embora sempre tivesse um latido forte e um jeito espalhafatoso de espantar qualquer um que chegasse ao portão. Mas, acima de tudo, ele nos apresentou o amor que transcende os seres inteligentes, afinal de contas o irracional se apaixona incondicionalmente, principalmente para aquele a quem elege como dono. Meu irmão me deu uma lição do que é amor. Ele me ensinou o que não consigo ver na maioria das pessoas que convivo: ele me deu uma lição de lealdade e afeto.
     É por isso que hoje sinto sua partida. Derramo lágrimas ao lembrar das situações que vivemos juntos. Não precisamos colocá-lo para dormir na nossa cama, nem conviver na nossa sala, apenas foi necessário mostrar para ele que nós, seres inteligentes, correspondíamos aquele amor que ele, ser irracional, nos entregava.
     Saudades, mano, muitas saudades.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O que não é felicidade

Depois do susto com a notícia da morte de Amy Winehouse, e de uma revoada de notícias sobre a carreira, a vida degradada, o envolvimento com drogas, fiquei chocado com um noticiário no domingo a noite. A respeito da própria Amy, o jornal recordava a passagem que a cantora teve pelo Brasil no início do ano. Achei até estranha para não dizer triste a forma com que a repórter descreveu essa passagem.
Antes de declarar o absurdo, vi cenas que mostravam uma mulher com uma voz poderosa, mas com o espírito fraco e debilitada que caía no palco ao tentar mostrar um passo ou que trocava a garrafa de água pelo microfone e que volta e meia era segura por um dos seus dançarinos no palco. Depois dessas cenas a repórter declarou que apesar de tudo isso Amy parecia feliz. Ela parecia feliz no Brasil.
O termo felicidade nunca foi um termo fácil de ser definido, mas certamente podemos saber o que não o define e as cenas que vi retratam exatamente a exceção. Chego a me perguntar em que momento a repórter se baseou para descrever tamanho descalabro. Talvez pela cantora estar menos agressiva, ou por ter saído a sacada e acenado aos fãs. Talvez por não ter ocorrido tantas polêmicas na sua passagem pelo país.
No mais temos muito a lamentar a morte da Amy, não por ser uma grande cantora e sim, simplesmente por ser um ser humano e que infelizmente foi tragada pela droga e pela infelicidade.
O talento dela é simplesmente um detalhe.
Que Deus console sua família e acalente as dores sentidas nesse momento de profunda tristeza.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Irresponsabilidade Digital

    Volta e meia nos deparamos na internet com mensagens de spam. Grande parte dessas mensagens já conseguem ser bem filtradas por provedores de email. Apenas uma e outra conseguem se safar dos filtros e aparecem em nossas caixas de entrada. Esse problema foi em parte resolvido, mas hoje nos deparamos com um problema um pouco mais delicado. Seriam vírus, scripts maliciosos, malwares ou outrowares?
    Não, o inimigo mora ao lado e você o conhece. Ele está entre os contatos de sua lista. Talvez seja um dos seus maiores amigos. Pode ser sua mulher, namorada, pai, mãe, enfim, alguém que você conhece. E o perigo é acionado quando a pessoa te direciona aquelas correntes. Além de estar disseminando essas pragas, a pessoa pode estar preservando os emails copiados na mensagem. O pior de tudo não é quando dissemina informação inútil e sim quando a informação é incorreta, discriminatória ou maliciosa.
    Geralmente quando recebo uma mensagem que denigre a image de alguém ou a exalta eu sempre procuro a fonte. Hoje podemos ver sites que foram criados com o intuito de verificar uma informação e funcionam como um detetive virtual. Um site que costumo verificar é o e-farsas.com e o mais interessante é que além de dar a notícia o site traz os links de onde ela foi baseada.
    Por isso sempre digo as pessoas que convivo digitalmente que antes de passar para frente um email, copiando todos os seus contatos, verifique rapidamente no google se alguém já citou e acima de tudo olhe as fontes, as referências. Depois de verificado que sites confiáveis confirmam a notícia, você tira todos os emails que estão no corpo da mensagem e manda para seus amigos como cco (cópia oculta). Com esses pequenos gestos faremos uma internet mais limpa de tanta farsa.
    Tenhamos responsabilidade digital.