quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Parabéns Mãe

 Quando somos feto ainda, regalados por proteção e sustentados por meses, isolados do mundo, vivemos em um ambiente de extrema proteção. Somos então convidados a sair e literalmente expulsos pela natureza Divina, pois devemos seguir nosso crescimento, agora distanciados da mãe que nos carregou por tanto tempo. É hora de sairmos da casca para enfrentar a dores e as delícias que a vida nos proporciona.
Somos expostos a uma separação traumática logo na chegada: luz intensa da sala cirúrgica, variação de temperatura extasiante, exposição a ruídos nunca dantes conhecidos. Mudam nossos hábitos, muda nossa iteração com o mundo, que antes se resumia a receber o alimento processado e estar sempre protegido de tudo. Experimentamos uma sensação de quase morte. É a morte da dependência total que ainda será parcial por muitos anos e emocional para sempre.
O respeito que tinha pelas mães era muito peculiar. Pois tinha uma mãe que sempre foi zelosa e participava ativamente da minha vida. Minha mãe foi uma remanescente das 100% dedicadas, que passavam a maior parte do dia com os filhos, voltadas para a educação. Éramos acompanhados nas tarefas escolares, nas brincadeiras de rua, nas amizades, dentro de casa. Sempre vigiados pela mãe águia que deixava os filhotes à vontade, mas que do monte observava tudo altaneira, e não deixava nada escapar, pronta para livrar sua cria do bote do predador.
Devo confessar: ser pai é muito difícil, mas ser mãe é incomparável. Não há parâmetros.  A mãe suporta incômodos na gravidez, há uma ebulição de hormônios, enfrenta dificuldades de auto-estima com aparência e forma, é limitada em seus afazeres, possui dificuldades com sono, além da responsabilidade de manter um ser íntegro por nove meses. Cuidados especiais com alimentação e medicação e muitas outras coisas que nós homens não sabemos e nunca saberemos explicar porque não vivemos na pele essa experiência. Depois de acompanharmos todo esse processo, como parceiros e pais, damos muito mais valor para aquilo que a mãe significou em nossas vidas e daí para frente respeitamos ainda mais essa doce e árdua função.
Hoje a minha mãe completa mais um ano de vida. Foram muitos anos de aniversário. Muitos abraços, muitos parabéns. Lembro-me especialmente do primeiro presente que dei a ela, comprado por mim. Ainda menino, parei em um armarinho e decidi levar um brinco que impressionava pela forma e brilho tal qual a de um diamante, embora nunca nem tenha visto um. Mas aquele brinco simbolizava a jóia que ela representava para mim; a jóia rara e de verdadeiro valor que não estava guardada em gavetas ou exposta em vitrines. A jóia que me lapidou e que merecia todos os diamantes do mundo e ainda assim teria saldo para receber muitas outras pedras preciosas. 

Mãe, nesse seu dia, eu desejo uma coisa de nós seus filhos: que nunca deixemos de valorizar a mãe que foste e que és, pois assim terás reconhecimento por tudo aquilo que fizeste em nossas vidas. Acredito que esse reconhecimento aliado ao amor e respeito são os maiores presentes que um filho pode dar aos seus pais; tudo isso transcrito em ações e gestos, não apenas em palavras ou escritos. Que Deus te abençoe, te proteja e te guarde para todo o sempre.

Do seu filho amado.