sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Arte do Encontro

Nunca entendi quando ouvia comentários de pessoas que passavam muitas horas na internet. E não estou falando da internet para o trabalho e sim de lazer. Eram amigos ou conhecidos literalmente viciados que por vezes se esqueciam de comer e até reduziam horas de sono para ficarem em  frente a tela. Os meios mais utilizados à época eram os jogos on-line e os aplicativos de pate-papo, como o MIRC e o MSN. Logo depois surgiu o Orkut que foi um fenômeno (principalmente no Brasil) impulsionando as redes sociais e revolucionando a forma com que as pessoas se relacionavam.
Inicialmente avesso a novidade, fui incentivado por amigos de faculdade a criar um login no Orkut. Um mundo de descobertas. Pessoas que não via desde a infância. Colegas de escola, da alfabetização até o ensino médio. Amigos que estavam afastados pela distância entre cidades, estados, países. Ali estavam expostas suas idéias, suas fotografias, suas novidades, suas vidas. E era bom compartilhar , mesmo que de longe e fazer parte também da sua vida, de maneira indireta, mas salutar.
Desconfiado pelas notícias de exposição excessiva daquele sistema, que abria nossa vida para os nossos amigos e inimigos, via que não fazia mais sentido continuar com aquele jogo. Vi relatos de vidas destroçadas por caluniadores, pessoas sendo ameaçadas, pessoas má intencionadas que buscavam refugiar-se dos seus relacionamentos em uma vida digital de farsa: tinha de tudo. Deletei o meu perfil.
Era convidado constantemente para voltar a participar de uma rede social e muitos sistemas surgiram: muitos nomes, siglas, ícones, nada me incentivava em ir adiante. Até que como por acaso (nada é por acaso) encontrei uma amiga minha e percebi amor e acolhimento em seus dígitos. Então pensei que poderia procurar os velhos amigos de tanto tempo que a gente não se dá conta, mas fazem uma falta danada para nós.
Talvez essa seja a função de uma rede social. Muito mais do que afirmarmos nossas convicções ela serve como uma aquarela de nossas vidas, que mostram um resumo do que consideramos bons momentos. Além da alegria de rever boníssimos amigos que não via há muito tempo tive o prazer de ler palavras de profundo afeto dirigidas a mim e que tocaram as minhas lembranças com cada pessoa que tive o prazer de compartilhar a vida. Tive o prazer de saber mais sobre sua vida. Tive o contentamento de alegrar-me com seu sucesso. Muitos são apenas conhecidos, outros são colegas, mas muitos também são amigos em quem podemos confiar, mesmo estando afastados tanto tempo. Só pela alegria em revê-lo, meu amigo, sei que valeu muito a pena te conhecer, mesmo que nós só tenhamos trocado algumas palavras, alguns olhares ou até alguns gestos. O importante é que a arte do encontro e principalmente a do reencontro nunca deixe de existir.

" A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. "
 Vinícius de Moraes

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