quarta-feira, 27 de julho de 2011

O lado mais do que humano do animal

     Eu nunca consegui entender o amor que as pessoas sentiam por animais. Assitia a reportagens, documentários, filmes, e sempre achei aquilo algo muito forçado, exagerado. Como uma pessoa devotava tanto amor a algo irracional, algo que não corresponde? Na faculdade, matéria de Inteligência Artificial, um professor meu havia comentado, na verdade afirmado que os animais, discutíamos mais especificamente os cachorros, não possuíam inteligência.
     Minha relação com animais sempre foi de respeito, mas também de distância. Nunca havia lidado de perto com um animal a não ser um cágado, que mais parece uma pedra que anda e que não tive muito chamego. Nunca fui aquele menino que não podia passar um bichano que passava a mão. Definitivamente essa não era minha praia.
     Depois que nos mudamos para uma casa e passamos por situação de insegurança meus pais resolveram que seria necessário termos um cachorro, um cão de guarda para cuidar de nós. A partir daí comecei a entender a relação de reciprocidade que se cultiva com esses seres tão especiais. Na verdade ele não surgiu em nossas vidas para cuidar de nós. Ele surgiu para nos amar.
     Ele nunca cuidou tão bem da casa. Não foi um grande cão de guarda embora sempre tivesse um latido forte e um jeito espalhafatoso de espantar qualquer um que chegasse ao portão. Mas, acima de tudo, ele nos apresentou o amor que transcende os seres inteligentes, afinal de contas o irracional se apaixona incondicionalmente, principalmente para aquele a quem elege como dono. Meu irmão me deu uma lição do que é amor. Ele me ensinou o que não consigo ver na maioria das pessoas que convivo: ele me deu uma lição de lealdade e afeto.
     É por isso que hoje sinto sua partida. Derramo lágrimas ao lembrar das situações que vivemos juntos. Não precisamos colocá-lo para dormir na nossa cama, nem conviver na nossa sala, apenas foi necessário mostrar para ele que nós, seres inteligentes, correspondíamos aquele amor que ele, ser irracional, nos entregava.
     Saudades, mano, muitas saudades.

5 comentários:

  1. Cara, me emocionei. Esses bichinhos mudam nossa vida por completo. Grande abraço.

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  2. Amado filho,

    Muito pertinente seu relato sobre nosso eterno e querido Rambo. Fantástico!!!
    Só quem teve essa convivência pode entender a magnitude de suas singelas palavras.
    Bjs.
    Mama.

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  3. Querido irmão,

    Falar do nosso outro irmão ainda me ocorrem as lágrimas. Suas palavras relatam exatamente o que sentia, antes de conviver com um animal e o que sinto com a falta dele. É realmente mto doloroso, mais ainda ao sair de casa e perceber que não terá mais a quem dar o bom dia ou chegar em casa e não ter a quem acordar com um carinho. Nunca passou em minha cabeça que tudo isso me faria tanta falta. Mas é isso mesmo, o nego teve seu tempo para deixar suas marcas, como suas travessuras (entrar em casa e sair com um lixo na boca), sua lealdade, seu jeito destabanado, seu dengo, suas manias (ele só comia se alguém estivesse ao lado dele), sua alegria... e a marca mais digna de todas: o amor incondicional ao seu dono, nosso pai. Eu tento imaginar o que nosso pai pode estar sentindo com a falta dele, mas acho que não sou capaz. Além dessas suas características, ele, no final de sua vida, nos mostrou que ele podia nos surpreender e nos mostrou sua fortaleza, não se entregando as adversidades que estava enfrentando em função das doenças que vieram a aparecer. Posso dizer que, mesmo alguns podendo achar que eu sou louca por se tratar de um animal, que ele é um exemplo a ser seguido, exemplo de persistência e perseverança e que muitos seres racionais não são capazes de nos dar esses exemplos. Sou muito grata por ter convivido com um cão como Rambo.

    Um bjo pra você!

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  4. Poxa, vc e Sara realmente conseguiram me emocionar...Bjs

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  5. Primos Amados...
    Imagino o que vcs estão sentindo, por aqui passamos por uma aflição, com um dos cachorrinhos de meu pai doente, Lola, mas graças a Deus ela sobreviveu. Me emocionei com sua palavras Davi, e as suas tbm Sarah, é a simples expressão do AMOR, que invade nosso coração e nos faz tão felizes, e nesse momento choro a dor de vcs, e compartilho com vcs a saudade de um Amigo Fiel.Rambo, um cachorro ensinou a vcs que o amor é incondicíonal seja pra quem for, pros pais, pros irmãos, para um amigo, ou até mesmo para um cão. Que Deus conforte o coração de vcs e alivie a saudade.
    Amo todos vcs.
    Da prima Dani.

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