sábado, 13 de agosto de 2011

Primo e Irmão

Essa semana recebi uma ligação. Código de área diferente, e número que não estava registrado em meu celular. Meus pais estavam viajando e associei imediatamente a uma chamada deles; nessas horas nos preocupamos,  pois não entendi o motivo de não utilizarem o celular. Tentei identificar a voz e constatei: era meu pai.
- Davi, é seu primo.
Abri um sorriso como de costume e iniciamos uma conversa boa. Meu primo-irmão estava do outro lado.
Hoje a distância entre cidades separam as nossas vidas. Que outrora foram ligadas por finais de semanas constantes nas viagens que fazíamos a Ilha de Itaparica. Eram momentos incríveis em que compartilhávamos experiências e crescíamos. Passamos da infância ao final da adolescência frequentando a casa da Ilha.
Fomos muito ligados e quando íamos para lá eu pedia muito aos meus pais para que ele fosse conosco. Meu primo era exemplar: bom menino, prestativo, inteligente, astuto, liderava as brincadeiras. Sempre teve um carisma de dar inveja. Nós o admirávamos, ele tinha uma estrela, brilho próprio.
Os anos passaram e nós não frequentávamos mais a Ilha, nossas vidas tomaram rumos opostos. Meu primo passava a frequentar festas, outras amizades, descobria o mundo da maneira mais difícil, se escondendo nas noitadas e bebedeiras. Teve uma filha, fruto de um relacionamento irresponsável. Não mudou sua conduta, era um comportamento descabido para uma pessoa, mais ainda, agora, para um pai. Aquele que deve dar exemplo.
Sempre que o via era um misto de alegria e profunda tristeza. Os dois primos diferentes vinham a minha cabeça e me confundiam. Sentia certo desespero ao ver um menino tão maravilhoso, que eu conheci mais do que muita gente que conviveu com ele,  deixar sua vida ficar tão menosprezada, tão sem valor.
Depois de alguns anos de vida desregrada, a família ficou em polvorosa com a notícia que tinha se tornado crente. Descrédito total. Poucos acreditavam que aquilo ia para frente e debochavam. A visão das pessoas em relação ao crente ainda é muito distorcida: pessoas fanáticas que não podem fazer nada, não têm liberdade. Venho esclarecer que se é fanático não é crente (em Cristo), pois a sua adoração deve ser feita de forma racional, do contrário, é impulso e emoção apenas. O crente de verdade tem mais liberdade do que qualquer pessoa, pois não está aprisionado a nenhum vício, ou então luta contra esse vício confiada e verdadeiramente em Deus. 
Vi pessoas da família dizerem que preferia aquele primo de volta. Essas são as pessoas mais egoístas, pois perderam um companheiro de solidão nas festas e não poderão compartilhar o seu vazio.
Hoje vejo meu primo firme na fé. Está casado e ajudando a sua igreja a crescer espiritualmente onde mora. Espero que ele tenha reencontrado aquele menino especial que conheci lá no início. Eu não tenho palavras, não consigo conectar frases que descrevam a alegria que tive em receber sua ligação nesta semana. Depois que ele desligou fiquei por vários minutos pensando na sua vida e agradecendo a Deus por ter modificado seu caminho. As suas palavras me comoveram, pois ele me disse que depois do culto em que estava, lembrou de mim e orou por mim. Hoje choro de alegria, como aquele pai que recebeu de volta o filho pródigo. Deus me deu de volta meu primo-irmão. Esse presente vou guardar para o resto da minha vida.

Que Deus abençoe você meu primo, meu irmão, guarde sua casa e sua família, dê-te perseverança em realizar seus projetos, amplie a sua visão espiritual e renove a sua fé constantemente.

Em Cristo,

Um comentário:

  1. Pois é querido primo,nossas vidas são traçadas de uma maneira que só Deus pode nos da as verdadeiras respostas.Me emocionei ao ler esse depoimento sobre seu primo-irmão,e o mais importante de tudo isso é que realmente hoje ele é LIVRE.
    Que o exemplo dele sirva para muitos jovens que estão perdidos e sem rumo na vida.
    Que Deus te abençoe cada dia mais e mais.
    Dani Fonsêca

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